A Saudade de Voltar Pra Casa!

Foto: Limoeiro/PE - Wilker Matos

“Se algum dia à minha terra eu voltar
Quero encontrar as mesmas coisas que deixei.
Quando o trem parar na estação,
Eu sentirei no coração
A alegria de chegar...”

Regressar a sua terra, ao seu torrão, ao seu lugar, o que isso nos trás de tão especial?

Quando eu penso em voltar pra casa, eu penso em reviver tudo de bom que ali vivi, a vida parece passar numa tela colorida, cheia luzes, cores e musica; é algo tão surreal capaz de nos transpor ao passado de forma tão presente e sentimental.

Lembro-me de quando eu chegava em casa, vindo da escola, brincava mudando a voz para vê minha mãe vim atender o portão pensando ser outra pessoa e ser eu, ah como era doce aquele encontro, parecia que o tempo na escola havia sido uma eternidade, reencontrar minha casa modesta, sem luxo ou coisas atrativas, mas cheia de toda riqueza da qual hoje sou pobre.

Aguardava ansioso o período das férias ou os finais de semana que íamos ao interior (Limoeiro-PE, Casa de minha Avó) ou ao litoral, eu adorava vê o mar, não saia um segundo de dentro dele, sonhava em sermos um só, me tornar um sereio, um peixe, um senhor das águas; pulava as ondas como quisera igualar-me as pequenas naus que ancoravam perto de onde ficávamos.

Já quando a viagem era no sentido oposto, em direção a cidadezinha de meu pai e de sua infância o rito era diferente, era pra mim uma liturgia seguida a risca e sempre se repetindo. Minha mãe me acordava as 4hs da manhã, ainda tava escuro, me arrumava e seguíamos para a estação do Barro, onde morávamos, pegávamos o metro e seguíamos para TIP (Terminal Integrado de Passageiros do Recife), de lá o Ônibus sentido Limoeiro seguia, era uma expectativa só, eu adorava ir na frente para vê as ações do motorista, eu sonhava em está dirigindo, era uma diversão para mim e hoje me faz hoje pensar como as crianças tema capacidade de criar a diversão a partir de coisas banais do dia a dia. A  cada cidade que passava a expectativa crescia mais, a viagem levava cerca de duas horas, logo estávamos adentrando o trevo, e a alegria era imensa. Encontrava minha vó com uma satisfação tão grande, era um dia tão feliz para todos, para quem chegava e para quem recebia; Olha o leite, pra quando ferver não derramar e cheirinho de cuscuz, era tudo muito bom. 

A letra da musica “Os Verdes Campos da Minha Terra” que virou sucesso na interpretação Agnaldo Timóteo, creio que o autor deveria sentir o mesmo que eu sinto agora, o monologo declamado pelo artista no meio da canção relada de maneira tão fiel o que me vez nos dias de hoje, ele diz assim: “É esse instante que eu vivo a esperar sempre a sonhar na mais triste solidão, e no meu sonho, eu consigo transformar o frio piso do meu quarto nos verdes campos do lugar...!”, o frio piso do quarto pode ser uma metáfora para ilustrar o coração frio de saudades e transforma-lo através das lembranças e da recordação presentificada num coração natural, quente e vivo, já sem dor e cheio de emoção, assim também me sinto ao fechar os olhos e imaginar tudo se passando novamente, tudo de volta e tudo outra vez, sou tomado pelo desejo de voltar pra casa, de encontrar tudo como eu deixei, de abraçar as pessoas que hoje não me esperam mais e que me enchem de uma saudade sem fim. 


Diêgo Feghalli


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