UMA CARTA DE AMOR

 



Eu vou escrever uma carta de amor

Uma carta contendo todos os desaforos do meu coração.

Não irei escrever uma canção, será tão somente uma singela carta de amor.

Uma carta de amor do jeito pernambucano, direto e objetivo, na arte de dizer o que sente e como ama. 

Não será uma canção. Será uma carta de amor mais parecida com um frevo, encontros e desencontros rítmicos, agoniados e avexados como as batidas do meu coração. 

Eu vou escrever uma carta de amor e não mandarei pelo correio, nem no WhatsApp e nem pelo e-mail. Mandarei numa estrela brilhante e reluzente, quase que ofuscante, minha incandescente carta de amor.

Eu vou escrever uma carta de amor sem papel e sem tinta, sem teclas e sem máquinas. Vou escrever com olhares, cheiros e sentidos, e vou escrever multiplicado ao infinito. 

Eu vou escrever uma carta de amor e não será secreta, mas ninguém conseguirá ler. Sabes ler um olhar? Decifrar um cheiro? És capaz de me sentir estando ausente? 

Eu vou escrever uma carta de amor como a chuva de novembro que adoça o caju, a de dezembro que lava o ano, a de janeiro que dá a fala, a de fevereiro que é chuva de saudade, e a de março que encerra o verão. Eu não vou fazer chover uma canção. 

Eu vou escrever uma carta de amor regada a lágrimas e adubada com sorrisos, que tenha abraços a cada parágrafo e ternura em todas as palavras. 

Eu vou escrever uma carta de amor que fale da morte e inspire a vida, que tenha esperança e pressa para ser vivida. 

Eu vou escrever uma carta de amor que seja ontem, hoje e sempre, que seja antiga e atual, que seja fora de moda e, ao mesmo tempo, futurista. 

Eu não escreverei uma carta de amor, eu serei uma carta de amor!

Diêgo Feghalli


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